Ponto de Vista
Desenvolvimento profissional e gestão em Educação
Por Esther Carvalho
Embora a escola seja ainda reconhecida como uma das mais importantes instituições responsáveis pela formação das novas gerações de cidadãos das diferentes culturas, percebemos uma grande dificuldade de sinergia entre as práticas de sala de aula e o contexto em que vivem nossas crianças e jovens.
Para pensarmos os desafios do presente e do futuro em termos de qualidade em educação e a sinergia com as necessidades das gerações contemporâneas, vamos utilizar alguns parâmetros. Uma criança, com cerca de quatro anos, que ingressa no corrente ano, nas séries iniciais da Educação Infantil, caso não haja nenhum percalço, concluirá o Ensino Médio em 2026. Seguindo uma das metas do novo Plano Nacional de Educação referente à década de 2011 a 2020 (Projeto de Lei Nº 8035/2010), que propõe o atingimento da universalização da Educação Básica no Brasil para crianças de 4 a 17 anos até 2016, podemos projetar que, em 2031, se encerrará o ciclo de formação desse cidadão, caso ele consiga transpor todos os desafios que o sistema educacional brasileiro apresenta.
Essa projeção, ao mesmo tempo instigante e desafiadora, remete-nos ao papel da escola na formação dessa criança e jovem como cidadão ético, competente, histórico, produtor de cultura e detentor de direitos e deveres no mundo contemporâneo. A pergunta que deveria se instaurar, com mais profundidade, entre educadores, pesquisadores, pais, governantes, formuladores de políticas públicas, é que repertório deve ser desconstruído, construído ou (re)construído pela escola para que possa atender as necessidades desse indivíduo, aluno, cidadão durante o período de sua escolarização básica e na sua vida futura?
Na perspectiva acima, destaca-se elemento fundamental para que as instituições de ensino desenvolvam seu papel com qualidade: o desenvolvimento profissional de todos os colaboradores da escola, em especial professores, diretores, equipes técnico-pedagógicas e de infraestrutura. Sobre a importância da valorização profissional do docente e sua formação continuada, essa questão está contemplada em 13 das 20 metas do novo Plano Nacional de Educação. Essa preocupação procedente, manifesta na lei, precisa se concretizar com políticas efetivas de melhoria das condições do trabalho de professor, processos de avaliação docente e valorização do profissional comprometido e competente.
O desenvolvimento profissional voltado à educação passa pelo aprimoramento de competências dos profissionais presentes, direta e indiretamente, no cotidiano da escola. Algumas delas: aprender a aprender; trabalhar em equipe; solucionar problemas; gerenciar conflitos; gerenciar a própria formação continuada; assumir novos papéis na relação de ensino aprendizagem, atuar sob indicadores quantitativos e qualitativos de que possam dar feedback ao trabalho como um todo.
Nesse processo de aprimoramento contínuo da escola, destaca-se a gestão, compreendida em um amplo espectro. Indo além da formação continuada dos diretores ou gestores, vemos a palavra gestão aplicada a outras frentes como, por exemplo, gestão da aprendizagem, envolvendo aspectos do planejamento, avaliação da aula, desenvolvimento profissional. Outro desdobramento é a gestão da comunidade, procurando destacar a relação da escola com as famílias, com seu entorno, com parcerias de diferentes naturezas. Segue-se outro aspecto como gestão de equipes com foco na motivação e comprometimento de todos com a proposta institucional; gestão do espaço e do tempo, procurando desenvolver experiências de aprendizagens consistentes, enriquecedoras, criativas e dotadas de significado para os alunos. Lembramos, ainda, aspectos como: gestão financeira, gestão de materiais e processos.
Os elementos acima mencionados trazem, seja no sistema educacional em suas diferentes esferas: municipais, estaduais e federais, seja nas escolas, públicas ou privadas, aspectos fundamentais que precisam ser considerados para que se concretize, nas salas de aula, reais e virtuais, a educação de qualidade para hoje e para 2026 ou 2031. Nossas crianças e jovens precisam disso! Nosso país precisa disso!
Esther Carvalho
Diretora-Geral do Colégio Rio Branco