05/11/2024
Ancestralidade: tema trabalhado pelo Humana Mente durante o ano é foco da Redação do ENEM 2024
O tema da prova de redação do ENEM 2024, realizado em 03 de novembro, foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, e se relacionou com as discussões realizadas pelo Coletivo Humana Mente do Colégio Rio Branco.
O Coletivo Humana Mente, que existe há mais de 10 anos, reúne alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, em torno de discussões complexas, a partir das Ciências Humanas, sempre com acessibilidade em Língua Brasileira de Sinais (Libras). O grupo é coordenado pelo professor de História Caio Mendes
Os alunos que integram o Coletivo Humana Mente, ao saírem da prova do ENEM 2024 agradeceram pelas discussões realizada no primeiro semestre e pela já tradicional saída pedagógica proposta pelo Humana Mente: visita à exposição “Um defeito de cor”, no Sesc Pinheiros, em junho deste ano.
Durante a saída cultural, os alunos apreciaram as mais de 300 obras que compõem a exposição "Um Defeito de Cor". O clássico romance da literatura afrofeminista brasileira “Um defeito de cor”, lançado pela escritora mineira Ana Maria Gonçalves, completou 18 anos em 2024 e é usado como uma matriz para exposição de mesmo nome. No livro, a autora reconta a saga de Kehinde, africana escravizada confrontada com a necessidade de reconstrução em terras brasileiras e a incessante luta por liberdade fazendo uso da comida, da arte, do afeto, da busca pela família, acolhimento e de sua fé nos encantados.
"O título 'Um Defeito de Cor' explora as trajetórias de diferentes grupos étnicos em diáspora e suas lutas pela liberdade no Brasil. O título refere-se a um conceito histórico equivocado que relacionava cor e supostos defeitos raciais, uma ideia popular no século XIX. Na época, a racialidade era interpretada de acordo com ideias positivistas, sugerindo que pessoas de origens racializadas, indígenas e negras, possuíam supostos defeitos biológicos, como menor inteligência ou predisposição ao crime, sem considerar as questões sociais e políticas que moldam cada indivíduo. A cor da pele era usada para justificar o que a sociedade considerava como defeito.
Confira os depoimentos das alunas:
Participar do Humana Mente é de tamanho impacto em minha vida, que o tema abordado esse ano não serviu somente de repertório, mas foi a premissa para a construção dos meus pensamentos e ideias mais significativas no que se refere à temática. Em outras palavras, o Humana Mente, ao meu ver, teve um papel de suma importância para a construção do meu inventário mental referente não somente à ancestralidade, mas à forma como observo e julgo o mundo ao meu redor - a forma como são formuladas as minhas ideias, como são construídos os meus argumentos. Portanto, mesmo que sendo difícil resumir como as discussões desse ano me ajudaram somente na redação ENEM, afirmo com convicção que, além do próprio repertório que obtive através do coletivo, o Humana Mente foi de grande relevância para toda a minha forma de pensar a respeito do tema e argumentação, a qual obtive majoritariamente das múltiplas discussões no coletivo.
Júlia Fumagalli - 3ª série do Ensino Médio
No ENEM 2024, as discussões no Humana Mente foram fundamentais para garantir um bom desempenho. Além da redação, cujo tema (Valorização da cultura africana e ancestralidade) foi exatamente o que abordamos no primeiro semestre, as reflexões nas ciências humanas ampliaram nosso entendimento sobre questões sociais, o que foi de grande utilidade. As áreas de linguagens também foram contempladas, pois analisamos diversos textos e imagens durante nossas reuniões, enriquecendo nosso repertório cultural e interpretativo.
Isabela Sallum - 3ª série do Ensino Médio
O Humana Mente foi essencial para ampliar minha visão sobre diversos temas, incluindo muitos que caíram no ENEM deste ano. Ao longo do ano, discutimos assuntos importantes tanto para a convivência em sociedade quanto para o vestibular. No domingo passado, o tema da prova abordou algo que trabalhamos intensamente no grupo. Neste ano, o Humana Mente focou na ancestralidade, explorando a cada encontro um aspecto desse tema. Isso foi fundamental para minha redação, pois proporcionou um repertório rico e uma compreensão profunda sobre a herança dos povos africanos.
Sophia Campalans Braga - 3ª série do Ensino Médio
Sou participante do Coletivo há 3 anos e todas as discussões sempre repercutiram e auxiliaram fora dos nossos encontros (em aulas, passeios e conversas externas). Este ano discutimos sobre ancestralidade, pudemos entender por diversas perspectivas esse tema, observando como ele estava presente na história, nas famílias, na biologia, etc., a partir disso recolhemos um grande repertório sobre o assunto, tanto em nossas conversas em que compartilhamos nosso conhecimento, quanto em referências de textos, músicas e vídeos que retratavam e abrangiam nossas pautas. Pudemos junto do grupo realizar uma visita ao SESC Pinheiros, que estava expondo “Um defeito de cor”, uma exposição imersiva que contém cerca de 370 obras que proporciona uma reflexão sobre as experiências africanas e de seus descendentes no Brasil e como essas experiências moldaram a sociedade atual. A redação do ENEM 2024 (“Dificuldades para a valorização da herança africana no Brasil”) enquadrou perfeitamente o tema ancestralidade, o que propiciou aos participantes do grupo uma facilidade na dissertação do assunto já que havíamos recolhido argumentos e repertório a respeito durante o ano, além disso, dentre os textos motivadores da proposta havia um trecho do livro “Um defeito de cor”, o qual pudemos conhecer melhor na exposição que visitamos. Além de um Coletivo que inspira e que proporciona discussões acerca de assuntos atuais, acredito que o Humana Mente tem um potencial educacional que dá um grande suporte para os alunos nos vestibulares, auxiliando na escrita da redação e na resolução de questões.
Laura Hille - 2ª série do Ensino Médio
Acho que a primeira coisa que me ocorreu enquanto escrevia a redação foi a saída cultural que fizemos para o SESC, inclusive a exposição visitada era sobre o livro “Um Defeito de Cor” que também era parte dos textos motivadores. Além disso, uma das lembranças mais claras durante a escrita foi uma discussão sobre a dificuldade que afrodescendentes tinham de se conectar com os seus antepassados por conta das perdas sofridas durante o processo de sequestro dos escravizados (perdiam o nome, a identidade, o idioma e a própria cultura em si), e esse ponto em específico foi muito importante para eu conseguir desenvolver minha argumentação e ter uma boa base pra uma proposta de intervenção.
Gabriela Rodrigues - 1ª série do Ensino Médio