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Decifra-me ou te devoro

Dia 08 de setembro | Dia Mundial da Alfabetização

Para adentrar o tão desejado mundo letrado, nossos pequenos aprendizes precisam decifrar o enigma das letras. Afinal, aprender a ler é entender todas as combinações do nosso alfabeto e isso não é algo simples. Além disso, não se pode dizer que alguém está alfabetizado, quando consegue ler palavras ou sílabas fora de contexto. Isso significa que ele ainda está em processo de desenvolvimento. Terá vencido essa etapa, tão importante da vida, quando tiver compreensão do que lê e escreve em situações diversas do cotidiano.

Sabemos que nenhum dos nossos destemidos aventureiros tenha tido qualquer tipo de final trágico; mais cedo ou mais tarde, todos conseguem decifrá-lo, quando adequadamente estimulados e, por fim, desfrutar dessa maravilhosa aventura.

Mas como se dá essa jornada? Que caminhos devem percorrer? Tudo começa muito cedo. Desde bebê, nossos pequenos ouvem histórias, lidas e contadas, observam toda espécie de texto escrito exposto ao seu redor. Essa exposição às letras leva as crianças a refletirem sobre o que veem e manipulam. Todo infante é um cientista que não para de testar hipóteses nos diferentes campos da vida e esse comportamento também acontece quando se trata da alfabetização.

Entendemos que esse processo se torna mais eficiente quando conjugamos a reflexão sobre o sistema de escrita e o letramento. Qual seria, então, o papel do adulto como facilitador desse processo? A criança deve ser exposta desde muito cedo aos textos escritos dos mais variados gêneros, bem como às diversas situações de escrita, já que ela observa como o adulto participa desse mundo de forma ativa, quantos problemas são resolvidos por ele utilizando essa linguagem, o quanto se diverte por meio dela. Com isso, logo ela percebe que o mundo da escrita é muito importante e desenvolve inevitavelmente o desejo de dominá-lo.

Mas como fazê-lo? O adulto deve estimular o interesse e a curiosidade da criança, expondo-a à linguagem escrita: lendo para ela, envolvendo-a nas mais variadas formas de expressão, pois é por meio do olhar dele que o aprendiz consegue criar suas primeiras hipóteses sobre o funcionamento dessa linguagem, experimentando modos de ler e de escrever. As manifestações dessas hipóteses não podem ser consideradas erros; são etapas do processo que vão sendo superadas, conforme sua compreensão sobre o sistema avança. Gradativamente ela vai abandonando essas crenças iniciais e criando outras, até superar todas.

É papel da escola estimular o contato com as mais diferentes formas de expressão escrita, com atividades lúdicas, prazerosas e significativas. É importante saber que não existe ensino de alfabetização; o que deve ser feito é provocar a criança com propostas, tentando ajudá-la a refletir sobre suas hipóteses a respeito do sistema.

Desde a Educação Infantil, propomos muitas atividades orais, com brincadeiras com trovinhas, parlendas, trava-línguas e outros textos da tradição oral. Nesse trabalho, a criança pode observar, por exemplo, rimas e sílabas que se repetem. Quando a criança tem contato com esses textos, ela pode comparar quais palavras rimam, quais são maiores, quais começam de forma parecida, fazendo com que ela se beneficie quando estiver comparando o oral com o escrito.

Vale ressaltar que a criança, nessa etapa da vida, deve ser muito estimulada, mas sempre de forma alegre e prazerosa, para que ela se desenvolva de forma segura. Deve-se, também, ter calma, pois todos conseguem. Com boa estimulação, certamente, ninguém será devorado.

Joana D’Arque Gonçalves de Aguiar
Coordenadora de Língua Portuguesa da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I