Como a tecnologia está transformando a aprendizagem?

Uso de recursos tecnológicos na educação possibilita práticas pedagógicas inovadoras que favorecem o protagonismo e a autonomia dos estudantes e a personalização do ensino

Do Uber ao Airbnb, do streaming ao comércio eletrônico, a revolução tecnológica tem mudado a forma como vivemos, nos divertimos e aprendemos. A transformação digital tem como característica aumentar a efetividade de um processo e mudar a experiência das pessoas de forma significativa e disruptiva – e com a educação não tem sido diferente.

“As tecnologias digitais estão transformando a relação de ensino e aprendizagem ao expandir os limites da sala de aula e permitir uma conexão com o conhecimento sem restrições de tempo e espaço”, afirma Carolina Sperandio, diretora da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco.

Protagonismo dos estudantes e aprendizagem colaborativa

Ela explica que, do ponto de vista dos professores, diferentes recursos possibilitam práticas inovadoras, com o uso de metodologias ativas. Por exemplo, o ensino híbrido e a sala de aula invertida, em que o estudante se prepara antes do encontro presencial, deixando o momento em sala para discussão e interação. “Isso libera mais tempo para a resolução de dúvidas ou aprofundamento dos temas estudados”, aponta.

Carolina também destaca que, com a inserção de ferramentas digitais, os estudantes podem aprender de forma autônoma e colaborativa ao interagir com colegas, professores e diferentes materiais. Além disso, elas permitem o acesso a conteúdos e recursos, como artigos científicos, revistas e periódicos internacionais, produções audiovisuais, apresentações, jogos e cursos, enriquecendo a experiência pedagógica.

Por outro lado, os recursos digitais precisam ser combinados com estratégias presenciais. “Ao desenvolver o senso crítico sobre a vida on-line, a tecnologia pode ser utilizada como aliada para o desenvolvimento integral dos estudantes, sem comprometer o seu bem-estar e convívio social.”

Diversidade de recursos digitais

Ferramentas digitais, recursos educacionais abertos ou jogos educativos estão integrados à educação e podem ser usados para aumentar o interesse dos estudantes e, consequentemente, a aprendizagem. A diretora cita exemplos dessas ferramentas:

  • Plataformas adaptativas: Duolingo, Coursera, Matific, SAS Educação, Sala do Saber e Khan Academy, entre outras, oferecem um modelo adaptativo para que o estudante possa aprender em seu próprio ritmo. Nesse sistema, os professores podem ter uma visão detalhada do desempenho dos alunos para adequar o planejamento e regular a aprendizagem.
  • Aplicativos, como Canva, Kahoot!, Google Classroom, Quizlet e Mindmeister dinamizam a aula, pois estimulam a criatividade, facilitam o planejamento, organizam o raciocínio de forma eficiente e favorecem a colaboração entre os alunos durante os projetos.
  • Jogos, como Seppo e Minecraft Education, incentivam o aprendizado por meio da experimentação, permitindo o enfrentamento de desafios reais em um espaço controlado, onde os erros são vistos como oportunidades de aprender.
  • Portfólios e murais virtuais, como Padlet e WordPress, possibilitam o registro, a publicação e o compartilhamento de ideias ou trabalhos, o que torna visível o pensamento e cria um ambiente de troca com professores e os colegas.

Riscos e desafios da tecnologia

Se, por um lado, os recursos digitais trazem muitos benefícios aos estudantes, por outro, o uso em excesso pode levar à dependência tecnológica, comprometendo a socialização, a percepção de si e da realidade. Assim, é necessário equilibrar a utilização com outras estratégias, priorizando o desenvolvimento de competências sociais e de comunicação. “E, tão importante quanto isso, mudar o status dos alunos de consumidores de redes sociais a criadores de soluções para problemas reais. Isso é uma urgência e um compromisso da escola”, ressalta Carolina.

De acordo com ela, a formação dos professores é outro ponto de atenção. “Fazer a gestão da sala de aula, engajar os alunos para aprender, ter intencionalidade pedagógica e, ao mesmo tempo, desenvolver um olhar crítico sobre o uso de tecnologia requer investimento, tempo de estudo, planejamento e mudança de paradigmas.”
Nesse contexto, a educação midiática surge como uma importante tendência. “É papel das instituições de ensino orientar a comunidade escolar como um todo sobre a necessidade de saber se proteger nesse ambiente.”

Uso de inteligência artificial

Para Carolina, o trabalho da escola, impactado por avanços sociais e permeado por inúmeros recursos digitais, precisa de um olhar crítico e reflexivo, garantindo que nada substitua as práticas educacionais humanizadoras.

De acordo com ela, a inteligência artificial (IA) já está transformando e transformará cada vez mais rapidamente a forma como personalizamos o ensino. Isso é particularmente importante para alunos com necessidades educativas especiais, que podem se beneficiar de um currículo ajustado às suas habilidades e desafios. “Outra contribuição é a criação de rubricas e avaliações personalizadas, que ajudam a medir o progresso dos alunos, orientando o professor sobre as áreas em que eles precisam de mais suporte ou podem avançar”, salienta. “Por outro lado, há preocupação com a autoria, a ética e a privacidade dos dados”, alerta.

A diretora diz que, para aproveitar melhor o potencial da IA, é necessário a criação de uma cultura focada em questionamentos e em curiosidade. “Em vez de preparar os alunos para responder, os professores precisam investir na formação de estudantes críticos que questionem e experimentem. É preciso ensinar a fazer boas perguntas em vez de apenas dar respostas”, conclui.

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