Escolha da carreira: qual o papel da escola e da família nesse processo?

Definir uma profissão envolve autoconhecimento, pesquisa e experimentação. É uma decisão individual, mas que pode e deve ser orientada pelos pais e pelo colégio

A escolha de uma carreira aos 16 ou 17 anos é uma decisão difícil, permeada de pressão e responsabilidade. Segundo Mariana Abbate, orientadora de apoio à aprendizagem da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco, essa escolha depende de maturidade.

“Na perspectiva psicológica, isso significa ter recursos cognitivos e afetivos para assumir um investimento emocional e financeiro que será feito pela família e pelo indivíduo em função de seu projeto de vida”, afirma.

Ela explica que a maturidade é construída ao longo da vida e esse processo tem início desde a infância. “A construção começa quando ensinamos a criança a fazer uma escolha simples, como ir ao parque ou ao clube, comer em uma churrascaria ou em uma lanchonete, brincar em casa com os primos ou viajar com os pais”, exemplifica. “E, assim, ela se torna capaz de perceber o que mais lhe agrada e quais as implicações da sua escolha, assumindo as responsabilidades pelas suas decisões.”

Conhecimento de mundo e orientação profissional

A escolha da carreira também está relacionada à compreensão de mundo e do papel social dos diferentes profissionais que compõem a nossa sociedade. “Quem são os profissionais que nos ajudam quando estamos doentes? Quem mantém o bairro limpo? Quem nos defende e nos protege? Quem faz as leis serem cumpridas? “, cita Mariana.

Assim, de acordo com ela, no início da adolescência, no Ensino Fundamental Anos Finais, é importante trazer esse cenário para os jovens. E, na sequência, a escola e a família podem propor outras reflexões de acordo com a faixa etária.
“Já no final do Ensino Fundamental, por volta dos 14 anos, quando os estudantes iniciam o processo de cristalização dos seus sonhos e projetos em uma identidade ocupacional, eles devem ser estimulados a um comportamento exploratório, com o objetivo definir, mais à frente, uma escolha ocupacional”, destaca.

Desta forma, o adolescente pode pensar a sociedade, suas necessidades e fazer suas escolhas, refletindo sobre:
Que vida eu quero? Quero ser médico como a minha tia, engenheiro como a minha mãe ou prefiro outra profissão?
Qual rotina me agrada? Em qual ambiente quero estar inserido? Quais as expectativas financeiras que eu tenho?

Fatores a ser considerados

No Ensino Médio, a escola pode apresentar o que é vestibular, os tipos de provas, notas de corte, Enem e Sisu, por exemplo, além de quais são as melhores universidades dentro e fora do Brasil. “No 2º e no 3º ano do Ensino Médio, os alunos devem entrar em contato com as suas possíveis escolhas, participar de fóruns de profissões, realizar entrevistas com profissionais da área de afinidade e experimentar e trazer para o concreto experiências da futura profissão”, indica a orientadora.

Para o adolescente ser capaz de fazer uma escolha com autonomia e responsabilidade, ele deve estar ciente dos fatores internos e externos que influenciam a sua decisão. Para isso, ele precisa levar em conta não apenas seus interesses e aptidões e o mercado de trabalho, mas como encara o mundo e como ele próprio se vê.

Também devem ser consideradas as informações que recebeu em relação às profissões e as influências externas advindas do meio social, dos pares e, principalmente, da família. “A escolha da carreira depende da experiência, orientação e de uma educação que acontece ao longo de toda a infância, pré-adolescência e adolescência”, ressalta.

Apoio da família

Mariana também aponta que conversar com os filhos sobre escolha da profissão é fundamental para que eles possam construir um futuro com mais clareza e propósito. Pensando em ampliar o entendimento dos adolescentes nessa escolha, ela sugere convidar pessoas de diferentes setores para compartilharem suas experiências e falarem sobre os desafios e as realizações em suas áreas.

“Diálogos no ambiente familiar abrem novas possibilidades e podem encantar os adolescentes, ajudando-os a visualizar um universo profissional em que se sintam motivados a pertencer”, salienta.

Uma forma prática de fazer isso, aproximando-os dessa realidade, é visitar o local de trabalho do pai, da mãe, de uma tia e entender um pouco mais sobre suas rotinas. Esses momentos podem ajudar a desenvolver uma visão mais concreta e realista sobre a possível escolha profissional. “A decisão por uma carreira é um processo. É essencial que a família alimente esse sonho ao longo do tempo, levando os jovens a refletirem sobre as opções e a conhecerem melhor o mundo profissional”, conclui.

Dicas para ajudar na escolha da profissão

1. Avalie quais são seus interesses e suas paixões.

2. Identifique os seus talentos. Algumas áreas exigem habilidades específicas, como boa comunicação, facilidade com cálculos ou trabalhos manuais.

3. Considere seus valores.

4. Conheça diferentes carreiras e áreas. Se possível, experimente e veja cada uma na prática.

5. Seja flexível. Se precisar, mude a rota!

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