Loading...

10/07/2025

Primeira aluna surda a ingressar na graduação da Unifesp, Amanda Ayumi inspira com sua trajetória e protagonismo

 

Amanda Ayumi entra para a história como a primeira aluna surda a conquistar uma vaga na graduação da Unifesp, segundo a própria universidade divulgou em suas redes sociais. Ex-aluna do Centro de Educação para Surdos Rio Branco (CES) e do Colégio Rio Branco, Amanda trilhou um caminho de conquistas acadêmicas, engajamento social e, sobretudo, muita resiliência diante dos desafios impostos pela falta de acessibilidade no ensino superior.

 

Amanda relembra com carinho sua formação no CES e no Colégio, onde estudou entre 2007 e 2019:"Tenho muitas lembranças boas desse período, principalmente das excursões escolares. As aulas de laboratório e o curso livre de arte também deixaram marcas importantes. Essas vivências tornavam a rotina mais criativa e instigante".

Após a saída do Colégio, Amanda ingressou na graduação em Administração da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Lá, participou ativamente da vida universitária. Atuou no Centro Acadêmico, integrou a Liga Empreendedora da Mind7, colaborou como monitora com dois docentes e participou de um projeto de extensão que oferecia aulas introdutórias de Python para alunos da rede pública.

"Essas experiências me aproximaram da área com a qual mais me identifico hoje: a análise de dados", ela explica. A transição da escola inclusiva para o ambiente universitário, no entanto, trouxe desafios. "Por ser surda, enfrentei a ausência de intérpretes de Libras em várias situações e a falta de recursos de acessibilidade. Muitas vezes, precisei improvisar para acompanhar as aulas. Foi difícil, mas isso também me fortaleceu", relata.

Mas Amanda não romantiza os obstáculos, pelo contrário, usa sua vivência para alertar e aconselhar futuros estudantes surdos: "É essencial lutar pelos nossos direitos. Intérpretes de Libras qualificados e ferramentas de transcrição são básicos, não opcionais".

Ela também reforça a importância do engajamento, "Participar das entidades estudantis e das atividades da universidade não só proporciona aprendizado, mas também nos dá visibilidade, voz e reconhecimento".

Hoje, a riobranquina carrega não apenas um diploma, mas o orgulho de ter vencido barreiras estruturais e simbólicas. Ela mostra o poder transformador de uma educação verdadeiramente inclusiva, capaz de abrir caminhos. Sua trajetória inspira uma nova geração de jovens surdos a acreditar em suas habilidades.