01/07/2020
Alfabetização em ambiente remoto
Entre tantas mudanças que o recolhimento social trouxe, administrar home office com suspensão de aulas e, consequentemente, crianças em casa, tem desafiado, também, escola e famílias a lidarem com alunos e filhos em fase de alfabetização.
Sabendo que essa fase escolar é de extrema importância no desenvolvimento de competências da leitura, da escrita e do raciocínio lógico matemático, algumas perguntas têm sido frequentes entre educadores de escolas públicas e privadas, assim como de famílias do mundo inteiro: como alfabetizar, então, tendo em vista o ambiente virtual? Haverá perdas ou benefícios? E o nosso papel em casa? Não sou professor! E o papel da escola?
Nesse sentido, promovemos, para os pais dos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, um encontro virtual com o tema "Alfabetização em ambiente remoto", a fim de apresentar as concepções de Alfabetização e Letramento, assim como a proposta de trabalho em ambiente remoto para atingir os objetivos de aprendizagem dos alunos.
A atividade foi conduzida pela diretora-geral Esther Carvalho, e pela diretora assistente da Unidade Granja Vianna, Sueli Marciale, nos dias 27 e 28 de maio, e reuniu mais de 100 famílias, nas duas unidades do colégio.Reflexão inicial:
Alfabetização… no que acreditamos?
Entendemos que ler o mundo significa ler as coisas, os objetos, os sinais. Se uma criança que não sabe ler vê o símbolo do Colégio Rio Branco, mesmo não tendo o domínio do código, entende que aquilo pode querer dizer, entre outras coisas, escola. Posteriormente, quando ela aprender a ler e a escrever, ligará a imagem à palavra, fazendo uma leitura completa e não apenas uma decodificação.
A criança “alfabetiza-se”, portanto, quando descobre que o mundo é feito de significados, e compreende como funciona a estrutura da língua e a forma como é utilizada em situações comunicativas reais. “Alfabetiza-se” quando cresce em um ambiente com adultos que leem, recebem cartas, e-mails etc. e tem, assim, acesso à função social da escrita.
No início da vida escolar, para que aprenda a ler e a escrever com melhor qualidade, é preciso que ela tenha acesso a diversificados e bons modelos de leitura para observar e utilizar a escrita em diferentes contextos. Além disso, devem ser oferecidas oportunidades para que se sinta motivada por meio da leitura. Dessa maneira, as diferentes formas de escrita acontecem com mais autonomia, desde os primeiros registros alfabéticos até a produção própria de textos.
E o papel da família e da escola nesse novo cenário?
Acreditamos que o apoio dos pais é fundamental para que a criança se sinta segura e desenvolva a autonomia para aprender também no modelo remoto.
Ajudar os filhos na organização de um espaço para as aulas, do material necessário e da rotina, bem como no acesso às aulas, são atitudes essenciais para que a criança também tenha compromisso e desenvolva as propostas com sua professora e seus colegas. Entre outras condições a serem oferecidas, podemos citar a importância de:
- instigar a curiosidade da criança para ler determinadas palavras que façam parte do cotidiano, em receitas, bulas, instruções de jogos, nomes de filmes;
- ampliar o repertório cultural por meio de leituras sobre diferentes assuntos em diferentes suportes, como jornais e revistas infantis, gibis; visitas a museus, a exposições etc.
- Lembrete importante: não corrigir a leitura e a escrita, nesse momento inicial de aprendizagem da escrita, pois a criança está construindo hipóteses sobre como representar e fazer correspondências entre sons, letras e significados das palavras. Precisa se sentir independente, autoconfiante, capaz. O essencial é mostrar as conquistas e, se ela verbalizar dúvidas quanto ao uso correto das letras, não há problema em oferecer palavras com escrita convencional como exemplos para que ela possa fazer observações, comparações e verificar como pode reescrever ou não a palavra que provocou esse conflito.
Quanto à escola, há a necessidade de:
- promover espaços em que práticas de leituras e de escritas sejam de fácil acesso ao aluno e que possibilitem situações reais comunicativas. Exemplos: agendas, crachás, nomes de aniversariantes, planejamento do dia, poemas, histórias, textos científicos, instrucionais etc;
- ampliar o repertório cultural, com bons modelos de contextos culturais e textos diversificados;
- contextualizar a escrita de palavras e de textos relacionados ao universo da criança;
- possibilitar espaços de escuta da criança em relação ao seu repertório cultural, hipóteses de escrita e resolução de situações - problema;
- reorganizar tempos didáticos a fim de acompanhar o desenvolvimento dos alunos no coletivo, nos pequenos grupos e no individual.
E se tivermos que finalizar o ano a distância?
Fizemos essa reflexão para repensar o trabalho e entendemos que as crianças serão alfabetizadas, independente do modelo!O momento atual coloca famílias e escolas em um contexto de ruptura com o modelo já conhecido, exige resiliência e novas formas de aprender e ensinar. Assim, o Rio Branco propôs um redesenho do trabalho.
A proposta prevê a reorganização dos tempos didáticos e a divisão da sala em grupos de alunos, para atender as diferentes hipóteses de escrita. Com um olhar técnico, as professoras farão a divisão dos alunos e o trabalho acontecerá grupo a grupo. Serão realizadas atividades síncronas diárias com o pequeno grupo, além das atividades síncronas e assíncronas com a sala toda.
A organização do trabalho e da rotina se dará por meio do site de cada turma, um espaço pedagógico cuidadosamente planejado, para apoiar a atuação das famílias e dos alunos. A confiança das famílias em nosso trabalho e em nossos educadores, bem como as contribuições, sugestões e críticas, apoiam a nossa atuação e fortalecem o nosso compromisso de garantir qualidade no ensino. Nesta parceria crescemos como escola, como famílias, como educadores, como pessoas e como alunos!