Sexualidade: conceitos e reflexões

by blogAdmin 12. junho 2013 16:49

Demos continuidade às nossas reflexões sobre o tema “Sexualidade” nos encontros dos dias 22 e 23 de maio, resgatando importantes questionamentos do primeiro encontro, realizado em abril, sobre o assunto: a importância dos valores familiares; a questão da precocidade, resultado dos muitos estímulos a que nossas crianças e jovens estão expostos; a diversidade sexual; entre tantos outros que vamos explorar neste post.

O principal aspecto que deve estar claro para as famílias é a questão dos valores. Sempre ouvimos de nossos filhos que a mãe ou o pai do colega é mais legal, mas sabemos que a convivência intensa e árdua da família somos nós quem temos e, por isso, somos nós quem devemos trabalhar os valores com nossos filhos. Esses valores, certos ou errados, devem ser coerentes com nossas posturas e isso não quer dizer que não possam ser transformados.

As informações sobre sexualidade dos filhos estão profundamente ligadas aos valores das famílias. Portanto, é importante que tenhamos posicionamentos claros diante de alguns temas que envolvem a orientação e educação sexual de nossas crianças e jovens:

Autoestima Positiva: deve estar presente na educação da criança. Devemos fazer com nossos filhos a seguinte reflexão: “o corpo é seu e ele deve ser preservado e cuidado, para que quando você decida compartilhá-lo com alguém, possa ser uma experiência positiva”. Muitas vezes, sem perceber, acabamos repercutindo uma cultura do preconceito, propagando modelos pré-estabelecidos pela sociedade. A reflexão sobre esse tema deve, ainda, ser feita para além das questões relacionadas ao corpo, como gostar e respeitar a si mesmo, com todas as suas características.

Limites: somos nós, adultos, quem colocamos os limites para nossos filhos. Nós somos responsáveis por decidir as condutas que adotaremos em questões como televisão, internet, horários e, inclusive, no apoio às crianças e jovens na descoberta do corpo.

Diálogo: quando é o momento de começar a falar sobre sexualidade? Como não antecipar esse assunto? Como conduzimos essa conversa? Dizer a verdade sempre é a principal orientação, pois não temos controle sobre o conjunto de informações que os jovens têm acesso. É preciso manter um canal de diálogo aberto, sabendo que não podemos ter a expectativa de sermos, além de pais, os melhores amigos de nossos filhos em todos os momentos.

Maturidade: é uma construção e está ligada ao conceito de autonomia. Vivemos um mundo em que a precocidade está presente na vida de nossos filhos, por isso temos a necessidade de trabalhar alguns temas cada vez mais cedo. Sabemos que, muitas vezes, o corpo parece estar preparado, mas como ficam a cabeça, o coração e a autoestima?

Em grupos, os pais puderam explorar esses quatro tópicos ainda mais e levantar outros aspectos interessantes, enriquecer o debate e promover uma troca verdadeira de experiências.

O grupo que discutiu a Autoestima Positiva, destacou que a questão da aparência é delicada, pois muitas vezes há um exagero com academia e com o culto ao corpo, e, por mais que haja uma filosofia em casa, existe uma pressão grande que vem de fora. Os pais refletiram, ainda, sobre a importância de trabalhar o tema de forma correta, pois, muitas vezes, os adultos usam as formas e as palavras erradas. Assim, vale repensar a abordagem da ‘beleza’: a beleza é uma questão relativa e precisamos valorizar – e ensinar nossas crianças e jovens a valorizarem - o nosso corpo da forma como ele é; dicas abordadas: valorizar o que a criança tem de melhor e, em seguida, destacar as atitudes erradas e mostrar para nossos filhos que quando lembramos de uma pessoa da qual gostamos, lembramos de coisas boas e não de características de beleza. Em contrapartida, na discussão surgiu a necessidade de cuidado com o excesso de autoestima que pode gerar arrogância. Precisamos saber lidar com o tema da Autoestima Positiva, com todos os desafios. Na cultura ocidental, existe a ideia de que envelhecer é feio e isso não é verdade. Veja esta campanha da Dove, “Retratos da Real Beleza”, que mostra como as pessoas se enxergam de formas diferentes do que elas realmente são, sem valorizarem suas próprias belezas.


O grupo que abordou o tema Limites ressaltou o fato de que ele está ligado aos valores de cada família ao mesmo tempo em que há os valores básicos que devem ser compartilhados por todos. A questão do ‘não’ e do ‘sim’ foi bastante explorada e todos concordaram que é essencial fazer com que essas duas palavras tenham e façam sentido quando utilizadas, para que sejam coerentes, tenham força e desenhem, de fato, o limite. Os pais falaram em AMOR (com letras grandes), pois as crianças aprendem que quando falamos ‘não’ estamos as amando, por mais que não gostem. Quando alguém fala ‘sim’ e, em seguida, fala ‘não’, e vice versa, isso gera frustração.

No tópico Diálogo, os pais falaram sobre a necessidade de abrir estratégias para conversar com os filhos, criando espaços eficientes e verdadeiros. Para dialogar é necessário saber ouvir e nem sempre os pais estão prontos para ouvir seus filhos. Em divergências, vale saber que quando todos os argumentos se esgotam, é necessário que os adultos coloquem os limites. Há regras que precisam ser seguidas, como o respeito a si mesmo, respeito aos outros e responsabilidade sobre os próprios atos. A troca de ideias entre os pais também foi destacada pelo grupo, como um recurso a mais para fortalecer as atitudes dos adultos com relação aos seus filhos. Com situações semelhantes e diferentes pontos de vista, os pais ampliam sua visão sobre esses desafios e sentem-se mais seguros para tomar decisões.

Para abordar o tema Maturidade, o grupo de pais colocou em pauta a questão da autonomia e da precocidade. Para os pais, a maturidade está relacionada a um conjunto de fatores, dentre eles os abordados anteriormente. Informação, autoestima positiva, limites e diálogo são a via segura para que nossos filhos construam sua autonomia moral, emocional e cognitiva e estejam prontos, ou seja, maduros para viver as diferentes experiências no decorrer de suas vidas. Autonomia e maturidade se constroem com os exemplos e limites dos pais. É necessário, também, fazer com que nossas crianças e jovens tenham consciência da consequência de seus atos e que tenham noção de futuro para além do ‘imediato’, trabalhando questões como: o que é a iniciação sexual; para quem me entrego; qual o impacto e as consequências dessa decisão. No momento em que nossas crianças têm acesso a informações e experiências de maneira precoce, não estando prontas para experimentá-las, temos que acompanhar e orientar nossos filhos com limites e exemplos.

Juntos, pudemos destacar importantes aspectos sobre o tema “Sexualidade”, compartilhando nossas dúvidas e medos na busca por atitudes assertivas. Sabemos que devemos, a partir dos valores de nossa família, trabalhar a autoestima positiva, estabelecer limites, criar espaços para o diálogo e valorizar e trabalhar a maturidade, mas as situações e vivências estão, de fato, muito mais complexas do que poderíamos acreditar. Por isso, continuamente, devemos suscitar em nossos jovens a reflexão e a autocrítica.

Tendo em vista essa complexidade, o tema “Sexualidade” ainda será abordado em mais um “Encontro com a Direção”, no dia 26 de junho na Unidade Granja Vianna e dia 27 de junho na Unidade Higienópolis, quando poderemos fazer um fechamento do assunto e apresentar aos pais como a escola trabalha todas essas questões, dentro do Projeto Político Pedagógico.


Dicas de livros, sites e novidades


Com uma linguagem descontraída e direta, o médico e educador Jairo Bouer dialoga com o jovem sobre diversos temas relacionados à Sexualidade. Em seu site é possível ter acesso a informações atuais e tirar dúvidas com o médico. Assista, também, a entrevista com a jornalista Marilia Gabriela, para o programa “De Frente com Gabi, de 13 de junho de 2012.

Livros
Sexo e Cia. - Publifolha
O Corpo das Garotas - Editora Original 
Álcool, Cigarro e Drogas - Editora Original 
O Corpo dos Garotos - Editora Original 
Primeira Vez - Editora Original
“Filhos – adolescentes de 10 a 20 anos de idade” - Sociedade Brasileira de Pediatria - Editora Manole


Comentários

enviado por: 02209231

4/7/2013 8:55:53 #

Cara Esther.
Parabéns pela iniciativa de colocar em pauta um tema polemico e, ao mesmo tempo, desafiador!

É bem verdade que, em relaҫão à sexualidade, vivemos uma época de crise. Podemos inclusive generalizar dizendo que todos anseiam por intimidade e mesmo assim ela se tornou um terreno de muito conflito e confusão.

Desde a última revolução cultural, os padrões da sexualidade e da intimidade mudaram muito e agora somos bombardeados com imagens sexuais a todo instante fazendo nossos limites sexuais se tornarem indistintos.

Em virtude disso, vivemos uma época apropriada para rever nossos conceitos e atitudes com relação à sexualidade e à intimidade.

Mas afinal de contas, o que é sexualidade? Que poder ela detém? O que ela realmente significa para nós? Sexualidade e Intimidade são as mesmas coisas? Depois da última revolução sexual, estamos mais libertos ou mais escravizados à sexualidade? É a mesma coisa? O que e exatamente sexualidade e intimidade e quais são os poderes por trás de sua mística? Fomos libertos na ultima revolução cultural ou estamos mais do que nunca escravizados por nossos desejos, mais do que nunca confusos com as mais recentes mudanças de padrões? Vivemos um momento de crise em relação à sexualidade? Por que ansiamos tanto por intimidade e mesmo assim e tão difícil encontrá-la?

Sexualidade é uma energia interior, divina, um encontro entre corpos e almas, e ela é nutrida pela intimidade, pela modéstia e pela sutileza. A sexualidade possui tanto um corpo como uma alma, uma dimensão física e outra espiritual. O corpo da sexualidade é a união de corpos humanos acompanhada dos mais profundos dos prazeres físicos. A alma da sexualidade é a união com a divindade acompanhada dos mais profundos dos prazeres espirituais. Quando retiramos ou ignoramos a natureza espiritual da sexualidade, ela pode se tornar uma grave obsessão irracional capaz de consumir a pessoa por completo.

A sexualidade está entre as forҫas mais poderosas da vida, e ela nunca é neutra: pode elevar-nos até às maiores alturas do auto sacrifício e entrega, ou rebaixar-nos até as profundezas do egoísmo e da desmoralização. Ironicamente, a ênfase na sexualidade é a sua ruina por completo. Sexualidade separada de sua natureza intima perde seu verdadeiro significado, sua dignidade e sua grandeza. É aí que sexualidade e intimidade se diferenciam. Intimidade não se iguala a sexualidade. Intimidade é um estado especial, um estado separado de tudo em nossas vidas, um estado especial que devemos nos aproximar com gentileza e reverência. Pois a Intimidade é a Santidade da Sexualidade. Quando a sexualidade perde sua intimidade é encarada como outra necessidade física qualquer, ela torna-se hedonismo desprezível, uma mera função técnica e biológica.

Como vivemos em um mundo materialista, temos a tendência a definir as coisas em termos físicos utilizando nossos instrumentos sensoriais e, frequentemente, ignoramos o componente espiritual da sexualidade. Somente com a compreensão da alma da sexualidade, que é a intimidade saudável, poderemos revelar a raiz do seu poder e de sua paixão.

E por que a sexualidade é tão poderosa?

Quando o Criador criou o Homem e a Mulher, eles eram um único ser a imagem do próprio Criador. Então o Criador decidiu separá-los em duas partes distintas. Como descrito no livro Genesis: "Assim um Homem deve deixar seu Pai e sua Mae e unir-se a sua esposa, devem tornar-se uma só carne".

Homem e Mulher sentem constantemente esta necessidade de unir-se. E a sexualidade é esta união. Homem e Mulher buscam "tornar-se uma só carne", deste modo unindo-se ao Criador à imagem do qual foram criados. Não espanta que a sexualidade seja uma forҫa tão poderosa: é a única experiência na vida humana em que ficamos face a face com o Criador. Ela é a única experiência na vida que nos permite tornar verdadeiramente divinos, pois dá aos Maridos e Esposas o divino poder de criar. Absolutamente nada do que fazemos como seres humanos é tão divino quanto criar uma nova vida que, por sua vez, poderá criar outras vidas sucessivamente até à eternidade. É a única oportunidade que o Homem tem de "experimentar" o Criador, de pensar como o Criador pensa, de criar como o Criador cria.

Além disso, a intimidade é uma celebração de vulnerabilidade, toca os lugares mais delicados de cada pessoa, a parte mais pessoa e frágil de todo ser humano. Por isso, precisamos cultivar um meio ambiente saudável para nossa intimidade que nos permita apreciar e nos deleitar com esta vulnerabilidade de forma segura e protegida.

A maioria de nós quer experimentar a verdadeira intimidade, mas temos medo de experimentar uma verdadeira vulnerabilidade e de perder o controle. E esse medo torna difícil experimentar a verdadeira intimidade, pois sentir-se confortável com a sua vulnerabilidade é a intimidade mais absoluta. A ilusão da intimidade - em que cada pessoa consegue o que ele ou ela deseja - quando muito apenas faz as pessoas sentirem-se bem na hora. Se, ao final, ainda se sentem no controle, se não expuseram sua vulnerabilidade, então sua "intimidade" foi apenas outra forma de exercerem controle sobre outra pessoa.

A questão primordial é como podemos deixar as coisas fluírem? Talvez, simplesmente não possamos. Seres humanos são fracos, pois não temos a capacidade de confiar verdadeiramente uns nos outros. Isto seria aceitável se fossemos animais, mas não somos. Somos divinos e nossas almas estão impregnadas pelo espirito do Criador que nos deu a capacidade de amar como Ele nos ama. Quando aprendemos a ver a divindade uns nos outros, podemos começar a confiar e a ultrapassar nossos próprios eus auto-suficientes e desconfiados, experimentando amor e intimidade verdadeiros. Assim, podemos então deixar as coisas fluírem e sermos vulneráveis, sermos nós mesmos sem erguer nossas defesas e sem medo de sermos feridos.

Como acontece com todos os problemas que enfrentamos na vida, temos que fazer escolhas. Podemos nos distrair e nos iludir com a paixão física da intimidade, indo ao seu encalҫo apenas para satisfazer nossas necessidades egoístas que acabam por separar Homem e Mulher, ou então, compreender sexualidade e intimidade como as forcas verdadeiramente significativas que elas são e, principalmente, como o meio de nos relacionar com o Criador da maneira mais poderosa e mais sublime que, por sua vez, une Homem e Mulher num único ser.

E como experimentar uma intimidade saudável?

Intimidade saudável exige dois ingredientes: disciplina e santificação. Precisamos exercitar o autocontrole e também precisar encarar a sexualidade como algo sagrado. Precisamos abordar a santidade da sexualidade com reverencia, como se entrássemos no Santo dos Santos, onde cada ato e levado em conta e onde qualquer falha é intolerável. Precisamos vivenciar a sexualidade em um ambiente sereno, com limites apropriados; não para restringir a manifestação do amor, mas para canalizarmos as poderosas energias físicas para uma paixão saudável.

Na nossa sociedade dita moderna, sexualidade envolve, com frequência, duas pessoas que estão ambas interessadas apenas na satisfação de suas próprias necessidades. Mas a sexualidade se destina a ser transcendente e não indulgente, permitindo que você introduza outra pessoa em sua alma de modo que vocês possam construir alguma coisa juntos. Somente inserindo o Criador em seu relacionamento, Homem e Mulher podem superar seus desejos individuais. E o casamento e o ambiente perfeito para fazer isso. Em qualquer outro ambiente, a intimidade é doentia e nociva.

Contudo, quão frequentemente nos somos vitimas de nossa própria sexualidade ao permitir que nossas necessidades e desejos incontidos controlem nossas decisões? Quão frequentemente utilizamos nossa sexualidade para desviar nossas mentes de um sofrimento existencial, acreditando incorretamente que podemos resolver um problema enraizado com uma solução ordinária e superficial?

A chave para a intimidade saudável é interromper o círculo vicioso da sexualidade animal, pois quanto mais você a alimenta, mais faminta ela se torna. Disciplina e sutileza conduzem a uma experiência saudável, madura e segura.

O argumento de que uma pessoa precisa experimentar viver com outra para depois se decidir pelo casamento é complemente invalido. Quando se vive a sexualidade de forma inadequada isto apenas tolhe nossa capacidade de conquistar a verdadeira intimidade quando chega a hora certa. Se você esta próximo quando deveria estar distante, estará distante quando tiver que estar próximo. Mas, quando vivemos a sexualidade adequadamente, conseguimos uma proximidade que se infiltra no resto de nossas vidas e introduz santidade e unidade em tudo o que fazemos. A sexualidade é parte integrante de nossas vidas e não pode ser compartimentalizada. É uma parte da construção de um lar e de uma família e de uma vida íntegra e completa.

A intimidade saudável também precisa ser modesta, tranquila e discreta. Quando foram criados, Homem e Mulher "estavam ambos nus e não tinham vergonha". Eles eram tão inocentes como crianças, encarando a sexualidade apenas como uma parte da criação do Criador e destinada a desempenhar uma função sagrada. Mas, depois que eles transgrediram e comeram da Árvore do Conhecimento, perderam sua inocência, pois "os seus olhos se abriram e eles tiveram consciência de que estavam nus". Eles vivenciaram uma vergonha saudável, originaria da modéstia, e se cobriram.

Os únicos membros de nossa sociedade de hoje que não tem consciência de sua sexualidade são as crianças, pois elas nasceram com um senso inato de modéstia. Esta modéstia necessita ser cultivada e nutrida por pais e educadores. O ideal seria que fossemos inocentes como crianças. A sexualidade fluiria de um corpo e de um espirito saudável simplesmente estando perto de nossos pais e avós.

Mas nesta época turbulenta, não obtemos tais lições tão facilmente, e este conceito de modéstia precisa ser afirmado. Hoje em dia, os jovens estão mais do que desejosos de que lhes mostrem uma alternativa aos nossos padrões atuais, mas eles são envolvidos pelos outros jovens num turbilhão de pressões. É responsabilidade de professores, pais e todos os tipos de líderes, instruí-los sobre a santidade da sexualidade.

Portanto, precisamos nos emprenhar para percebermos que a intimidade verdadeira, a autêntica dignidade de um ser humano, irradia-se de dentro. Que tipo de mensagem transmite uma pessoa que se veste provocativamente ou que fala de sexualidade sem o devido respeito? Esta sexualidade manifesta apenas promove atitudes sexistas que distorcem ainda mais a maneira como olhamos para nossos semelhantes. A verdadeira beleza, que inspira tanto amor como respeito, é a beleza interior.

É verdade que, especialmente na sociedade contemporânea, as pessoas não querem que ninguém lhes imponha restrições à sexualidade. Mas nem todas as formas de comportamento sexual são aceitáveis. O caráter sagrado da sexualidade exige, obviamente, um comportamento que obedeça às leis divinas de nosso criador, leis que não nos solicitam que neguemos a sexualidade, mas que a vivenciemos de formas saudáveis e intimas que irão fortalecer o crescimento e o aperfeiçoamento humanos, e quebrar os grilhões de escravização a paixões que, no fim, conduzem a decadência da sociedade.

O fato de que vivemos numa sociedade que, em grande parte, é pouco familiarizada com a sexualidade saudável, não altera esta verdade. E mesmo que nos ensinem que um desejo sexual anormal especifico seja genético, por exemplo, ainda assim não deve ser tolerado, pois muito de nossa existência se relaciona com a canalização apropriada de nossos desejos naturais.

Entretanto, precisamos distinguir entre uma pessoa e o seu comportamento. A instituição de um padrão de comportamento não deve ser utilizada para invalidar os que não o praticam; estes padrões - a que não se devem fazer concessões - se destinam a nos proporcionar lucidez e capacidade de melhorarmos nosso comportamento. O padrão divino para a sexualidade é o que é melhor para cada um de nós, e precisamos não ter medo de ensinar estes ideais. Da mesma forma que agimos com relação a todas as sérias questões que envolvem a verdade, devemos fazê-lo de maneira sensível, falando de amor e interesse genuínos, com uma conduta e uma linguagem que enfatizem o positivo e motivem uma pessoa a desenvolver-se.

A crise atual que cerca a sexualidade em nossa sociedade deve ser vista como uma oportunidade para explorar sua importância. Durante os últimos anos, testemunhamos com clareza que o comportamento sexual impudico nada faz para cultivar a verdadeira intimidade. Apenas destrói o respeito pela pessoa, pelo lar e pela família. Mas também começamos a ver uma crescente conscientização que põe mais ênfase na comunicação, tanto intelectual como emocional, do que no comportamento sexual promiscuo, e este é claramente um passo na direção certa.

Chegou a hora de recuperarmos nossa sexualidade e nossa intimidade, de restitui-las ao contexto do casamento, do lar e da família. Chegou a hora de reintroduzir o Criador em nossas vidas intimas, de povoarmos e civilizarmos o mundo, de "tornarmos uma só carne", e retornarmos a nossa intimidade inicial com nosso Criador. Esta seria uma verdadeira revolução sexual.

Um grande abraҫo.

R.D.M.

enviado por: 02210173

23/8/2013 11:18:39 #

Estimada Esther.
Bom dia!

Seguem abaixo algumas considerações de minha parte.

Antes de falarmos sobre sexualidade, precisamos (mais do que nunca) falar sobre o Amor. Amor, talvez seja uma das palavras mais utilizadas em toda historia da humanidade, permanece um enigma a ser desvendado.  Eu, particularmente, acredito que deva haver mais coisas escritas sobre o amor do que qualquer outro assunto interessante, contudo permanece intangível para se estabelecer uma rota segura.
Todos nós sabemos que o amor é uma parte essencial da vida humana, que nós precisamos dele para o nosso bem-estar, mas não parece haver qualquer tipo de garantia para encontrá-lo, ou um guia ou até uma cartilha que estabeleҫa parâmetros para que possamos nos guiar com relativa segurança.
Mas, afinal de contas, o que é o amor? O amor é o elemento individual mais necessário à vida humana. É, ao mesmo tempo, dar e receber; permite-nos conhecer e sentir outra pessoa e deixa que esta pessoa nos conheҫa e nos sinta. Se pensarmos bem, o amor é a origem e a base de toda interaҫão humana. E me parede que para viver uma vida significativa, precisamos aprender mais sobre o amor e sobre como inseri-lo em nossas vidas.
Fazendo uma análise mais primária, podemos achar que necessitamos amor da mesma forma que necessitamos comer e beber, respirar e dormir. Também sabemos que o amor preenche nossa necessidade de afeto, nossa necessidade de uma relação intima com outra pessoa. Por esta razão, buscamos o amor de uma forma que frequentemente é narcisista e indulgente, ou seja, procuramos alguém que irá nos amar porque ansiamos por isto e assim nos sentiremos bem acerca de nós mesmos.
Mas, se o amor é apenas outra necessidade qualquer, como comida e água, por que ele é tão indefinível? Por que a conquista do amor é tãp difícil para tantas pessoas? E, ainda assim, quando de fato o encontramos, ele vem com alguma dor e/ou frustação associada. Podemos ter êxito no amor por certo período, mas quando fracassamos, a dor é intensa, dói lá dentro de nós, no fundo de nossos coraҫões e almas, e acaba impactando outros setores de nossas vidas na grande maioria das vezes.
Estes são alguns dos obstáculos que enfrentamos quando encaramos o amor como apenas outra de nossas necessidades físicas. Sim, necessitamos de amor como necessitamos de água e comida, mas existe uma grande diferença. A comida e a água são elementos de nosso planeta que sustentam nossos corpos físicos, enquanto que o amor é a linguagem divina que sustenta nossas almas.
O verdadeiro amor pouco tem a ver com o amor que lemos em romances ou escutamos em canções. O amor verdadeiro é verdadeira transcendência, unindo nossos eus físicos com o Criador e, consequente com toda pessoa ao nosso redor. Na grande maioria das vezes, encaramos o amor de uma maneira egoísta, como algo que queremos e necessitamos. Mas, o verdadeiro amor, por ser parte de nossa relação com o Criador, é definitivamente altruísta. E esse amor altruísta não se origina em nossos corpos, mas sim em nossas almas. Esse amor especial é a predominância do espirito sobre a matéria. Se, como todos nós sabemos, dois corpos não pode ocupar o mesmo espaço, o mesmo não ocorre com alma que transcende tempo e espaço, e também transcende o narcisismo, tornando possível a união com outra pessoa.
A sabedoria do Criador nos leva sempre a fazer uma única coisa: ensinar como amar, como transcender nossos limites materiais e alcançar um lugar mais espiritual. E tal jornada somente pode ser realizada através da alma. E o amor é a linguagem que precisamos aprender a falar ao longo de nossa trajetória neste planeta. O amor é a linguagem de comunicação direta com o Criador. Quando olhamos dentro dos olhos da pessoa amada, conseguimos transcender o mundo físico e nos ligamos ao Criador.
Assim, o amor é muito mais que tratar outra pessoa com compaixão, ou a troca de sentimentos apaixonados. É muito mais do que fazer aos outros apenas aquilo que você faria a si mesmo. Ele é um ato sagrado, a forma mais pura de alimentar as almas das pessoas assim como a nossa própria alma. Ele não é meramente humano, mas impregnado de divindade, pela qual um beijo efêmero converte-se em um beijo imortal. O amor verdadeiro significa uma alma cumprimentando outra.
E por que necessitamos tanto de amor? De certo modo, todos nos afastamos de nossos verdadeiros eus. O nascimento é o começo da jornada de nossa alma, enviada de sua nascente divina para viver em um lugar inóspito e antinatural, uma terra de materialismos. Por este motivo, durante toda a nossa vida, ansiamos por nos reincorporarmos aos nossos verdadeiros eus. Procuramos nossas almas, essa fagulha divina que existe dentro de nós. Almejamos religar-nos às nossas fontes.
Muitos não compreendem que o que chamamos de amor é na verdade uma busca do Criador. A necessidade que expressamos quando dizemos “preciso ser amado” ou “preciso de uma relação íntima”, é de fato, uma necessidade de transcender nossas individualidades físicas e nos unirmos às nossas almas. Logo, amar outra pessoa dever ser o mesmo que amar ao Criador e vice-versa. Uma pessoa que consegue amar ao Criador, mas não consegue amar outro ser humano, não está amando o Criador de verdade. E uma pessoa que ama outra pessoa, mas não sente amor algum pelo Criador, descobrirá, no fim, que o que ela chama de amor é condicional e egoísta, o que significa que não é um verdadeiro amor de modo algum.
E esses dois tipos de amores – amor egoísta e amor altruísta – são diametralmente opostos.
O primeiro (egoísta) é um amor condicional: você ama na condição de que suas necessidades sejam satisfeitas, e se a pessoa que escolher não cumpre o esperado, você a rejeita e procura em outro lugar. Ainda que possa parecer belo por algum tempo, tal amor está fadado a ser inconstante. Quando a pessoa que ama pede ajuda, você pode até concedê-la. Mas, se o preҫo torna-se alto demais, se sente que esta dando mais do que está recebendo, talvez você simplesmente pare de amar. Afinal de contas, existe um limite para o desconforte que você pode tolerar por outra pessoa.
O segundo (altruísta) significa elevar-se acima de suas próprias necessidades. Significa sair para fora de você mesmo, de sua zona de conforto, e se ligar verdadeiramente à alma de outra pessoa e, desta forma, ao Criador. Quando o amor é transcendente, você está tentando alcançar um lugar superior e, ao mesmo tempo, ao Criador. Não existem exigências para o amor altruísta; quando a transcendência está no centro de nosso amor, não ficamos constantemente redefinindo nossos desejos e necessidades.
O amor condicional (egoísta) desaparece quando não se satisfazem suas exigências enquanto que o amor altruísta é constante e eterno. Com demasiada frequência, o amor condicional acarreta o aniquilamento ou a sujeição de uma pessoa. Em vez de dois que se tornam um, o amor da pessoa mais dominante consome o outro. No entanto, o amor incondicional, o amor transcendente, permite que possamos colocar nossos desejos egoístas de lado e amar outra pessoa apropriadamente.
O amor condicional não estimula o crescimento, pois é apenas a satisfação temporária de uma necessidade. Da mesma forma que você precisa comer novamente algumas horas depois de uma refeição, alguém que ame de forma condicional precisará constantemente de mais porҫões de segurança, afeição e aprovação. Mas, o amor incondicional é a base da evolução humana. É abrangente, pois transborda e afeta não apenas suas necessidades imediatas, mas todo o seu ser. Enquanto que o amor condicional é compartimentalizado em sua vida, o amor incondicional é parte essencial de sua existência inteira e é através do qual aprendemos a conhecer a realidade mais suprema e sublime: o Criador.
De maneira que o amor é a base sobre a qual se constrói o mundo inteiro. Todas as nossas leis, todas as nossas atitudes, todas as nossas interações originam-se do mesmo principio. O amor é a raiz de toda civilidade e de toda moralidade. Sem amor, seria impossível vivermos em paz uns com os outros, respeitar as necessidades uns dos outros e tratar a todos com a compaixão que nós mesmos gostaríamos de receber.
De certo modo, pode parecer aterrorizante adotar o amor altruísta em nossas vidas. É muito mais fácil e muito mais seguro amar segundo nossas próprias condições e convicções. O amor altruísta, por um lado, gera risco e vulnerabilidade. Mas precisamos aprender a celebrar esta vulnerabilidade recém-descoberta, pois isto é exatamente o que torna o verdadeiro amor tao gratificante: a perspectiva de partilhar sua alma com outra pessoa.
Muitos de nós estamos prontos para amar, mas aprendemos a não confiar em outras pessoas, às vezes com boas razões. A única forma de relaxar, de tornar-se vulnerável, de ficar aberto às possibilidades do verdadeiro amor, é confiar no Criador e na santidade que existe dentro da pessoa que você ama.
Para conquistar esse amor altruísta, você deve primeiro aprender a amar a si mesmo, a criar uma harmonia entre o seu corpo e a sua alma, fazendo com que cada parte seja uma extensão fiel da outra parte, e isto implica na compreensão do que você realmente é e do que veio realizar neste planeta. Significa estar satisfeito com a sua vocação e não estar à procura de distrações. Como esperar obter um amor satisfatório de outra pessoa, quando ainda estiver em conflito interno consigo mesmo?
Aprender a amar a si mesmo pode ser difícil, principalmente porque não fomos educados para isso. De inicio, nossos egos não conseguem coexistirem com o Criador. Geralmente, ou agimos segundo nossos próprios princípios ou agimos segundo os princípios do Criador, ou ainda, nos vemos como seres que se fizeram por si mesmos, ou seres que foram criados a imagem e semelhança do Criador. A fim de nos desenvolvermos, precisamos conter nossos egos e dar lugar a alguma coisa maior do que nós mesmos.
Se não encontrarmos um jeito de amar o Criador, de amar o Criador que habita a sua alma, estaremos em uma busca constante de amor. Podemos até nos voltar para formas doentias de amor, para substituir esta falta de amor interior. É por isso que não comeҫamos nossas vidas procurando amor. Quando crianças, aprendemos primeiro a receber amor de nossos pais, de nossos parentes, de nosso meio ambiente. Somente quando nos tornamos adultos é que podemos procurar o amor de um estranho, alguém que se tornará um companheiro perpétuo no casamento.
O amor entre um casal, o amor entre membros de uma família e o amor entre amigos são todos diferentes, obviamente. Mas todos têm uma coisa em comum: eles refletem o amor entre os homens e o Criador. E como aprendemos esse amor? Aprendemos como somos crianças, observando nossos pais, nossas famílias, nossos professores. Para que uma criança se torne um adulto amoroso, ela precisa receber amor e ver amor constantemente.
Uma criança também precisa aprender a valorizar todos os seres humanos e todos os aspectos de nossa existência no nosso planeta. Todas as criaturas criadas pelo Criador precisam ser amadas somente pelo fato de serem sido criadas pelo mesmo. E cada uma dessas criaturas tem o potencial para atingir grandes alturas. Cada simples coisa neste planeta merece nosso interesse e nosso respeito, e cada pessoa é como um diamante. Ainda que um diamante possa parecer impuro, sob a superfície jaz uma beleza inigualável e ímpar, ou seja, é precioso, independente de sua aparência exterior, independente do que o cerca.
Devemos tratar cada pessoa que conhecemos de acordo com isto. Devemos respeitar seu valor inato e dedicar-nos totalmente a auxiliá-la com quaisquer meios que sejam necessários. Se sua camada exterior parece manchada, devemos encorajá-la a limpar-se. Se suas bordas parecem brutas, devemos ajudar a educá-la e capacitá-la a polir a si mesma através do contato com as riquezas interiores.
Esta é a ideia verdadeira e exata do amor: valorizar cada pessoa, não importa o que ela seja ou onde ela esteja, e ajudá-la a ser a melhor pessoa possível. Os sábios já diziam: “os pecados devem ser eliminados, mas não os pecadores”. Não é importante amar cada ato realizado pela pessoa, mas amar incondicionalmente a pessoa. Você não precisa aceitar as opções de uma pessoa, e você não precisa ensinar estas opções às suas crianças, entretanto, você precisa aceitar a pessoa. Mesmo que você rejeite a filosofia de um grupo especifico de pessoas, você não deve rejeitar as pessoas.
Amar também não significa sufocar alguém com o que você achar que é bom para esse alguém. Amar é valorizar a individualidade de uma pessoa. Amar exige de cada pessoa o máximo de sensibilidade, a começar por sua própria família e depois se expandindo para o mundo como um todo. Isto significa transcender nossa vida estreita e aprender a amar todo mundo, independentemente de seus antecedentes, educação, personalidade ou temperamento.
Semelhante amor, altruísta e saudável, deve abranger uma determinada proporção de educação e disciplina. Isto é verdade tanto para o nível pessoal como para o comunitário; tanto para crianças como para adultos. Não é satisfatório amar uma pessoa e depois abandoná-la quando ela fizer alguma coisa nociva para si mesma ou para os outros. Amar não significa comprometer valores superiores. Um pai não ama verdadeiramente seu filho quando, a pretexto desse amor, ele não corrige a criança por ter feito alguma coisa errada ou nociva.
Acima de tudo, amor é uma forҫa do bem. É o modo pelo qual os seres humanos adquirem unidade cósmica: a unidade entre eles, o Criador e o universo. Por isso é importante fazer alguma coisa amigável para a pessoa que estiver ao seu lado em nome do amor e sem esperar receber nada em troca. Assim o amor entrará em nossas vidas, não apenas segundo nossos limites e condições, mas para além de nossas fronteiras pré-estabelecidas.
Precisamos aprender a amar nossos familiares de uma nova forma. Não apenas por eles serem nossos parentes, mas por serem crianças do Criador. Antes de colocar seus filhos para dormir e ao final de  mais um dia de luta evolutiva, precisamos dar neles  um novo tipo de beijo, um beijo cheio da chama de nossa alma sagrada. Precisamos, sem duvida alguma, conversar com eles sobre amor e sobre como cuidarem um dos outros. Ao final, poderemos ver que o amor persiste em tudo o que nos fazemos.
De um ponto de vista tecnológico, vivemos agora numa era de inédita unidade. E, ainda assim, nossas relações pessoais estão mais desgastadas do que nunca. Precisamos adotar o amor incondicional e fazer dele o apelo de nossa geração. Precisamos amar uns aos outros para criar uma unidade entre os homens, entre os homens e o Criador. Precisamos encarar nossa unidade tecnológica como uma oportunidade para apresentar o amor para todos: em primeiro lugar, dentro de nós mesmos, depois em nossas famílias, nossas comunidades, nossas nações e, por fim, no mundo inteiro. Precisamos anunciar o dia em que não haverá mais inveja ou discórdia, em que o amor e a unidade prevalecerão.

Um grande abraço.
RDM

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