Sexualidade: conceitos e reflexões

by blogAdmin 12. junho 2013 16:49

Demos continuidade às nossas reflexões sobre o tema “Sexualidade” nos encontros dos dias 22 e 23 de maio, resgatando importantes questionamentos do primeiro encontro, realizado em abril, sobre o assunto: a importância dos valores familiares; a questão da precocidade, resultado dos muitos estímulos a que nossas crianças e jovens estão expostos; a diversidade sexual; entre tantos outros que vamos explorar neste post.

O principal aspecto que deve estar claro para as famílias é a questão dos valores. Sempre ouvimos de nossos filhos que a mãe ou o pai do colega é mais legal, mas sabemos que a convivência intensa e árdua da família somos nós quem temos e, por isso, somos nós quem devemos trabalhar os valores com nossos filhos. Esses valores, certos ou errados, devem ser coerentes com nossas posturas e isso não quer dizer que não possam ser transformados.

As informações sobre sexualidade dos filhos estão profundamente ligadas aos valores das famílias. Portanto, é importante que tenhamos posicionamentos claros diante de alguns temas que envolvem a orientação e educação sexual de nossas crianças e jovens:

Autoestima Positiva: deve estar presente na educação da criança. Devemos fazer com nossos filhos a seguinte reflexão: “o corpo é seu e ele deve ser preservado e cuidado, para que quando você decida compartilhá-lo com alguém, possa ser uma experiência positiva”. Muitas vezes, sem perceber, acabamos repercutindo uma cultura do preconceito, propagando modelos pré-estabelecidos pela sociedade. A reflexão sobre esse tema deve, ainda, ser feita para além das questões relacionadas ao corpo, como gostar e respeitar a si mesmo, com todas as suas características.

Limites: somos nós, adultos, quem colocamos os limites para nossos filhos. Nós somos responsáveis por decidir as condutas que adotaremos em questões como televisão, internet, horários e, inclusive, no apoio às crianças e jovens na descoberta do corpo.

Diálogo: quando é o momento de começar a falar sobre sexualidade? Como não antecipar esse assunto? Como conduzimos essa conversa? Dizer a verdade sempre é a principal orientação, pois não temos controle sobre o conjunto de informações que os jovens têm acesso. É preciso manter um canal de diálogo aberto, sabendo que não podemos ter a expectativa de sermos, além de pais, os melhores amigos de nossos filhos em todos os momentos.

Maturidade: é uma construção e está ligada ao conceito de autonomia. Vivemos um mundo em que a precocidade está presente na vida de nossos filhos, por isso temos a necessidade de trabalhar alguns temas cada vez mais cedo. Sabemos que, muitas vezes, o corpo parece estar preparado, mas como ficam a cabeça, o coração e a autoestima?

Em grupos, os pais puderam explorar esses quatro tópicos ainda mais e levantar outros aspectos interessantes, enriquecer o debate e promover uma troca verdadeira de experiências.

O grupo que discutiu a Autoestima Positiva, destacou que a questão da aparência é delicada, pois muitas vezes há um exagero com academia e com o culto ao corpo, e, por mais que haja uma filosofia em casa, existe uma pressão grande que vem de fora. Os pais refletiram, ainda, sobre a importância de trabalhar o tema de forma correta, pois, muitas vezes, os adultos usam as formas e as palavras erradas. Assim, vale repensar a abordagem da ‘beleza’: a beleza é uma questão relativa e precisamos valorizar – e ensinar nossas crianças e jovens a valorizarem - o nosso corpo da forma como ele é; dicas abordadas: valorizar o que a criança tem de melhor e, em seguida, destacar as atitudes erradas e mostrar para nossos filhos que quando lembramos de uma pessoa da qual gostamos, lembramos de coisas boas e não de características de beleza. Em contrapartida, na discussão surgiu a necessidade de cuidado com o excesso de autoestima que pode gerar arrogância. Precisamos saber lidar com o tema da Autoestima Positiva, com todos os desafios. Na cultura ocidental, existe a ideia de que envelhecer é feio e isso não é verdade. Veja esta campanha da Dove, “Retratos da Real Beleza”, que mostra como as pessoas se enxergam de formas diferentes do que elas realmente são, sem valorizarem suas próprias belezas.


O grupo que abordou o tema Limites ressaltou o fato de que ele está ligado aos valores de cada família ao mesmo tempo em que há os valores básicos que devem ser compartilhados por todos. A questão do ‘não’ e do ‘sim’ foi bastante explorada e todos concordaram que é essencial fazer com que essas duas palavras tenham e façam sentido quando utilizadas, para que sejam coerentes, tenham força e desenhem, de fato, o limite. Os pais falaram em AMOR (com letras grandes), pois as crianças aprendem que quando falamos ‘não’ estamos as amando, por mais que não gostem. Quando alguém fala ‘sim’ e, em seguida, fala ‘não’, e vice versa, isso gera frustração.

No tópico Diálogo, os pais falaram sobre a necessidade de abrir estratégias para conversar com os filhos, criando espaços eficientes e verdadeiros. Para dialogar é necessário saber ouvir e nem sempre os pais estão prontos para ouvir seus filhos. Em divergências, vale saber que quando todos os argumentos se esgotam, é necessário que os adultos coloquem os limites. Há regras que precisam ser seguidas, como o respeito a si mesmo, respeito aos outros e responsabilidade sobre os próprios atos. A troca de ideias entre os pais também foi destacada pelo grupo, como um recurso a mais para fortalecer as atitudes dos adultos com relação aos seus filhos. Com situações semelhantes e diferentes pontos de vista, os pais ampliam sua visão sobre esses desafios e sentem-se mais seguros para tomar decisões.

Para abordar o tema Maturidade, o grupo de pais colocou em pauta a questão da autonomia e da precocidade. Para os pais, a maturidade está relacionada a um conjunto de fatores, dentre eles os abordados anteriormente. Informação, autoestima positiva, limites e diálogo são a via segura para que nossos filhos construam sua autonomia moral, emocional e cognitiva e estejam prontos, ou seja, maduros para viver as diferentes experiências no decorrer de suas vidas. Autonomia e maturidade se constroem com os exemplos e limites dos pais. É necessário, também, fazer com que nossas crianças e jovens tenham consciência da consequência de seus atos e que tenham noção de futuro para além do ‘imediato’, trabalhando questões como: o que é a iniciação sexual; para quem me entrego; qual o impacto e as consequências dessa decisão. No momento em que nossas crianças têm acesso a informações e experiências de maneira precoce, não estando prontas para experimentá-las, temos que acompanhar e orientar nossos filhos com limites e exemplos.

Juntos, pudemos destacar importantes aspectos sobre o tema “Sexualidade”, compartilhando nossas dúvidas e medos na busca por atitudes assertivas. Sabemos que devemos, a partir dos valores de nossa família, trabalhar a autoestima positiva, estabelecer limites, criar espaços para o diálogo e valorizar e trabalhar a maturidade, mas as situações e vivências estão, de fato, muito mais complexas do que poderíamos acreditar. Por isso, continuamente, devemos suscitar em nossos jovens a reflexão e a autocrítica.

Tendo em vista essa complexidade, o tema “Sexualidade” ainda será abordado em mais um “Encontro com a Direção”, no dia 26 de junho na Unidade Granja Vianna e dia 27 de junho na Unidade Higienópolis, quando poderemos fazer um fechamento do assunto e apresentar aos pais como a escola trabalha todas essas questões, dentro do Projeto Político Pedagógico.


Dicas de livros, sites e novidades


Com uma linguagem descontraída e direta, o médico e educador Jairo Bouer dialoga com o jovem sobre diversos temas relacionados à Sexualidade. Em seu site é possível ter acesso a informações atuais e tirar dúvidas com o médico. Assista, também, a entrevista com a jornalista Marilia Gabriela, para o programa “De Frente com Gabi, de 13 de junho de 2012.

Livros
Sexo e Cia. - Publifolha
O Corpo das Garotas - Editora Original 
Álcool, Cigarro e Drogas - Editora Original 
O Corpo dos Garotos - Editora Original 
Primeira Vez - Editora Original
“Filhos – adolescentes de 10 a 20 anos de idade” - Sociedade Brasileira de Pediatria - Editora Manole