Cultura da Vaidade e do Consumo

by blogAdmin 26. maio 2014 18:13

De que forma o mundo do consumo entra no mundo infantil?
O que leva pessoas, no geral, e crianças, particularmente, a darem valor ao consumo?
Estamos vivendo a cultura da vaidade?
A vaidade é ou não é um problema?
Qual o limite da vaidade?

Essas perguntas, certamente, despertam em nós, adultos, pais e educadores, muitas reflexões, angústias e conflitos. Tivemos uma rica oportunidade de nos debruçar sobre elas em nosso Encontro com a Direção, nos dias 24 e 30 de abril.

Por meio do vídeo de uma palestra do especialista em psicologia e professor, Yves de La Taille, pudemos compreender alguns conceitos e reflexões sobre o tema “Cultura da Vaidade e do Consumo”, que pautaram nossa conversa.

No vídeo, o especialista oferece uma contextualização sobre as relações entre consumo, sociedade e criança. Para ele, o "ser consumidor" leva as pessoas a valorizarem o consumo, associando- o à identidade. Yves de La Taille destaca, ainda, que hoje vivemos em uma cultura que pode merecer o nome de cultura da vaidade. Superficialidade, heteronomia e aparência são aspectos que estão diretamente ligados à vaidade.

O psicólogo fala, também, sobre o perfil de pessoa que, na atualidade, tem visibilidade social, costuma ser admirado e inspira os desejos. Hoje, essa pessoa pode ser sintetizada no conceito de ‘vencedor’. O vencedor de hoje não é aquela pessoa que se deu bem na vida, é alguém que se deu melhor que os outros.

Vaidade e Consumo

Num movimento de projeção, as pessoas passam a desejar ter e ostentar o que os "vencedores" têm. Sabemos, também, que estamos numa sociedade que, desenfreadamente, incentiva o consumo.

Pensando nessas duas esferas – vaidade e consumo, refletimos sobre a diferença entre o “se dar bem” e o “se dar melhor” e sobre quem elegemos como modelos de sucesso. Falamos, então, sobre o exemplo do jogador de futebol Neymar, que muito jovem já é um herói e não um jovem com um futuro pela frente para se tornar um herói. Nesse sentido, ser um vencedor significa, também, usar as marcas de um vencedor e ter a aparência de um vencedor.

Nosso papel no dia a dia

Como pais, educadores e adultos, temos o papel de fazer o contra-discurso e perceber em qual medida, no dia a dia, incentivamos o consumo exagerado e a vaidade. Mesmo sabendo que também somos afetados por essas questões, devemos ter clareza sobre o limite da vaidade. Temos que escolher, como pais, o que queremos deixar para nossos filhos, qual é o nosso legado.

Sobre os modelos que escolhemos para admirar e para nos inspirarmos, devemos mostrar para nossas crianças e jovens as diferenças entre o que é ser uma celebridade e o que é ser uma pessoa que conquistou prestígio.

Também falamos sobre nossas atitudes diante do consumo. Avaliamos como, sem perceber, acabamos antecipando as necessidades de nossos filhos e alimentamos o impulso para o consumo. Ao darmos algum presente para nossas crianças e jovens, precisamos pensar sobre o que isso despertará, o que vem depois, como agir quando essa criança crescer e querer mais. É muito sutil e delicado, mas sem perceber, acabamos por criar uma dinâmica de troca das coisas, damos coisas e fazemos concessões para compensar nossa ausência, para não deixar nossos filhos deslocados e, assim, cedemos à pressão.

Angústias, inseguranças e medos são normais diante de questões desafiadoras como esta e o nosso grupo de pais, junto com a escola, tem um papel muito especial de contribuir para a construção de uma consciência mais elaborada sobre diferentes temas, por meio da troca de experiências.